Novo curso de escrita criativa

17/08/2014 às 10:04 | Publicado em Criatividade, Jornalismo Literário | Deixe um comentário
14a. Turma do curso de Redação Criativa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo

Dia 23 de agosto de 2014, sábado, das 9h às 18h

Quem pode participar: jornalistas, estudantes de Jornalismo e demais interessados

Dia: 23 de agosto, sábado, das 9h00 às 18h00 (com intervalo de 1 hora para almoço)

Vagas: 25

Local do curso: Ação Educativa, Rua General Jardim, 660 – Vila Buarque (a 15 minutos do metrô Santa Cecília)

Os interessados deverão encaminhar e-mail para cursos@sjsp.org.br

solicitando a pré-inscrição. No e-mail deverá constar nome completo, data de nascimento, formação (curso, faculdade e ano que se formou), MTb e telefones para contato

Os estudantes deverão informar o curso, instituição e período/semestre que estão cursando

A pré-inscrição garante a vaga até 18/08/2014, último dia para pagamento.

Mais informações: http://www.sjsp.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4981:redacao-criativa&catid=42:santos

Convite: 19 de março de 2011 a partir das 18h

15/04/2011 às 10:08 | Publicado em Criatividade, Livros | 1 Comentário

Novo livro sobre criatividade

22/02/2011 às 17:56 | Publicado em Criatividade | 3 Comentários

 Inventividade, inteligência e talento para criar, inventar, inovar, ser original certamente foram os atributos que garantiram a sobrevivência da espécie humana. A criatividade é, cada vez mais, um requisito importante para se destacar no mercado de trabalho e na vida de modo geral, chegando a ser considerada um fator crucial para o sucesso. Pessoas com ideias novas, que conseguem driblar as dificuldades e aproveitar as oportunidades, são valorizadas em todos os âmbitos.

Com uma linguagem acessível, a obra Tive uma ideia! – O que é como desenvolvê-la, da jornalista Monica Martinez, demonstra como a criatividade sempre esteve presente na história da humanidade, garantindo-lhe a sobrevivência pelo uso da inteligência e do talento para a inventividade. Expõe, então, as razões pelas quais é difícil mudar padrões e rotinas e quais são os caminhos que levam à criatividade.

O leitor vai perceber que o nascimento de uma ideia nova e original é parte de um processo e depende de vários fatores, dentre os quais os mais importantes são o esforço, a dedicação e o aprimoramento das qualidades pessoais, mediante o uso e aplicação de algumas técnicas apresentadas no livro. Vai descobrir também que a motivação e o ambiente podem favorecê-la, mas que a criatividade se manifesta muito mais facilmente quando a pessoa ama o que faz e realmente se envolve com seu trabalho.

O livro é dirigido a todos que desejam desenvolver seu potencial e sobressair no trabalho ou na vida pessoal, e pode ser de especial interesse também para os estudantes das áreas de Comunicação, Psicologia e Educação.

Título: Tive uma ideia!
Subtítulo: O que é criatividade e como desenvolvê-la
Autora: Monica Martinez
Coleção: Caminhos da Psicologia
Formato: 13 x 20 – 80 págs.
Código: 517879
Edição:
ISBN: 9788535627091
Preço: R$ 12,80

 Sala de Imprensa
Paulinas Editora
Joana Fátima, Roberta Molina, Paula Oliveira

www.paulinas.org.br/imprensa
imprensa@paulinas.com.br

 
Sumário

Capítulo 1 – Um pouco de história e teoria…………….. 7

Capítulo 2 – Portais da criatividade………………………. 23 

 

Capítulo 3 – O passo a passo da criatividade…………. 39

Capítulo 4 – O processo criativo…………………………… 55

Capítulo 5 – Perfis criativos………………………………….. 61

Capítulo 6 – A importância da motivação…………….. 67

Considerações finais……………………………………………… 73

Referências bibliográficas………………………………………. 77

 

Hugh Laurie, de House, e a distração como ferramenta da criatividade

03/01/2011 às 10:03 | Publicado em Criatividade, Neurociências | Deixe um comentário

Hugh Laurie, do seriado estadunidense House

Reportagem da Folha de S. Paulo de ontem, 2/1/2011. A meu ver, o ponto tocado pelo repórter especializado em Jornalismo Científico, Ricardo Bonalume Neto, tem a ver com o processo de distanciamento do problema por um determinado tempo, dando ao cérebro humano a possibilidade de rearranjar as informações disponíveis de uma forma diferente, mais criativa. Segue abaixo a matéria, na íntegra (o link, para assinantes, é http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd0201201101.htm).

Com um abraço,

Monica Martinez

Pessoas distraídas são mais criativas

Quem se deixa perturbar por estímulos externos tem maior capacidade de resolver problemas que os mais concentrados

Tendência a dispersão e a fazer associações inusitadas é comum a criativos e a pessoas com esquizofrenia

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Quem diria: se distrair pode ser a melhor maneira de resolver um problema difícil de forma criativa.
“Distração” costumava ter uma conotação negativa em estudos médicos; por exemplo, pesquisas que mostram o maior risco de causar um acidente de carro ao se distrair falando ao celular.
Mas trabalhos recentes têm demonstrado que a distração está vinculada à criatividade, especialmente na hora de resolver problemas complexos.
Só que até certo ponto: em excesso, distração combina com esquizofrenia -um distúrbio psíquico que pode incluir alucinações, delírios e fuga da realidade.
Como a distração ajuda a ser criativo e produzir soluções? Para muita gente, a prática de “dar um tempo”, “fazer uma pausa no trabalho”, costuma fazer a resposta para um problema surgir de repente, como mágica.
É só assistir ao seriado “House” (Universal) para entender como funciona.
O médico Gregory House e sua equipe são escalados para diagnosticar e tratar apenas os casos mais cabeludos.
O enredo tem uma fórmula básica. Eles passam três quartos do programa raciocinando logicamente sobre sintomas, tratamentos e causas de doenças.
Mas só no fim do episódio, quando House se distrai ou tem a atenção chamada para algo bizarro, que uma resposta “clica” no seu cérebro.

EVOLUÇÃO
Ignorar estímulos irrelevantes ao nosso redor é uma conquista da evolução biológica. Um animal que presta atenção a tudo e caminha pelos prados distraído acaba não percebendo o predador até que seja tarde demais.
Essa capacidade de abstrair o ruído inútil é chamada de inibição latente.
Esquizofrênicos têm inibição latente muito reduzida; prestam atenção a tudo, e por isso, paradoxalmente, fogem da realidade. Mas esse traço também caracteriza pessoas saudáveis e altamente criativas.
Um estudo feito pela equipe de Fredrik Ullén, do Instituto Karolinska, da Suécia, publicado na revista científica “PLoS One”, apontou que os cérebros dos esquizofrênicos e o dos criativos têm um sistema semelhante do neurotransmissor dopamina.
Produzida em várias partes do cérebro, a dopamina tem funções na transmissão do impulso elétrico entre as células nervosas, notadamente na cognição, motivação e nos mecanismos de punição e recompensa.
“A teoria da dopamina e esquizofrenia vê o distúrbio como uma forma extrema de criatividade”, diz Adam Galinsky, da Escola Kellogg de Administração da Universidade Northwestern, EUA.
O pesquisador explica que a dopamina tende a alterar processos cognitivos, de modo que as associações são mais soltas e as categorias conceituais são ampliadas.
“Isso pode facilitar a criatividade, mas também levar a padrões de pensamento desorganizados e anomalias de percepção.”
Galinsky e colegas fizeram testes de associação com 94 voluntários que tinham que identificar uma quarta palavra vinculada a três outras.
Alguns passavam por distrações, outros não. Os distraídos identificaram sequências de letras como palavras válidas mais rápido.
O estudo foi publicado na revista “Psychological Science” e afirma que o processo de solução de problemas inclui tanto a distração quanto um período de pensamento consciente, sem o qual o problema não tem como ser racionalmente resolvido.

RADAR
Estudos feitos com universitários nos EUA e no Canadá pela equipe de Shelley H. Carson, do Departamento de Psicologia de Harvard, mostraram que aqueles que se distraem facilmente, com o “radar ligado” para tudo em torno, são mais criativos: os mais criativos tinham sete vezes menos inibição latente.
O estudo original, publicado em 2003, foi replicado depois. “Dois outros laboratórios testaram a baixa inibição latente e descobriam que está associada com criatividade. Nós também estamos continuando os testes”, afirma Carson.
“Há um corpo substancial de pesquisa que indica que a esquizofrenia está associada com inibição latente baixa e também com deficits na memória de trabalho”, continua o pesquisador.
Para Carson, comentando o estudo de Galinsky, a pessoa criativa é capaz de permitir, temporariamente, que o excesso de distrações seja canalizado em percepção consciente, para fazer conexões entre os estímulos.
“Mas a pessoa tem a capacidade de alternar entre estados do cérebro para exercitar maior controle cognitivo e realmente formular e acessar essas conexões”, afirma o pesquisador.

Criar e editar: as duas fases da escrita na visão do escritor português Gonçalo Tavares

24/09/2010 às 7:39 | Publicado em Criatividade, Escrita Criativa, Literatura | Deixe um comentário

Nascido em Angola em 1970, o escritor português Gonçalo Tavares decidiu só começar a publicar quando completasse 30 anos. Desde então, já lançou 25 títulos, a começar pelo O Livro da Dança.

O tempo parece ser um aliado em seu trabalho, no sentido de que deixa amadurecer bastante uma obra antes de liberá-la para o papel. Em termos de escrita criativa, ele primeiro dedica-se ao processo de criação para, muito depois, rever e editar a escrita.

Veja parte da entrevista que ele concedeu a Sissa Frota, na revista Cult de julho:

(..) O que eu estou a fazer neste momento, se calhar, vai sair daqui a seis ou sete anos, e o que vai sair agora é algo que eu escrevi há alguns anos e que estou agora a rever. Portanto, o que eu faço é escrever, deixo muito tempo e depois é que volto ao texto e corto. (…) Esse distanciamento temporal dá certo treino de distância. A minha segunda fase de cortar é mesmo com muito juízo crítico, como leitor quase, um leitor que pode interferir e, portanto, não tenho piedade nenhuma nem compaixão pelo meu trabalho. Eu tenho por regra nunca publicar nada depois de ter acabado de escrever”.

Revista Cult. no 148. Julho/2010. Ano 13, p. 26 e 27.

Capa sobre criatividade da revista Época

09/08/2010 às 9:09 | Publicado em Criatividade | 1 Comentário
Capa da revista Época de 2 de agosto de 2010 – edição 637 p. 90 a 96
30/07/2010 19:38
Procuram-se criativos
A criatividade se tornou a qualidade mais desejada no mercado de trabalho. O que fazer para aumentar a sua
Francine Lima, Nelito Fernandes e Anna Carolina Lementy

Lembre-se da última boa ideia que lhe ocorreu. Ela pareceu vir do nada, durante o banho? Você deixou que ela escorresse pelo ralo e não pensou mais nela? Ou anotou, contou aos amigos e imaginou como aplicá-la em sua vida? Se você é alguém que tem ideias originais, do tipo que assustam um pouco sua família, e gosta de tentar colocá-las em prática, chegou sua hora: esses pensamentos borbulhando em sua cachola podem valer um emprego novo, um aumento ou mais negócios. Se você não se acha dos mais criativos, ânimo. Nas próximas páginas, vamos lhe dar boas razões para acender as lâmpadas aí dentro e mostrar como fazer isso. O motivo vem de pesquisas recentes feitas com os maiores contratadores do mundo.

 Uma dessas pesquisas, feita pela prestadora de serviços tecnológicos IBM com os principais executivos de 1.500 empresas, de vários países, revelou que eles consideram a criatividade o fator crucial para o sucesso atualmente. Para que suas empresas consigam driblar as dificuldades e aproveitar as oportunidades, precisam de gente com ideias novas. Outra pesquisa, feita pela consultoria de administração de pessoal Korn/Ferry, com 365 dirigentes de grandes empresas só na América Latina, chegou à mesma conclusão: a habilidade de criar o novo e o diferente é a mais desejada por mais da metade dos dirigentes (56%). Ficou à frente de capacidades fundamentais, como saber tomar decisões complexas e conduzir equipes rumo a resultados. A essa altura, seria razoável perguntar por que as companhias simplesmente não treinam seus funcionários e fornecedores para ser mais criativos ou não saem por aí oferecendo aos criativos mais dinheiro. A resposta: elas tentam, mas chegaram à conclusão de que treinar ou encontrar gente criativa não é tão simples.

 Os dirigentes entrevistados pela Korn/Ferry consideram a criatividade a habilidade mais rara de encontrar e também a mais dura de ensinar dentro dos ambientes de trabalho tradicionais (embora seja possível aumentar essa capacidade com o ambiente e os métodos certos, como veremos adiante). Além disso, há indícios de que as pessoas altamente criativas estejam ficando mais raras. Uma pesquisa nos Estados Unidos mostrou que, ao contrário dos quocientes populacionais de inteligência (Q.I.), que crescem a cada geração, a criatividade vem caindo. O fenômeno foi observado pelo pesquisador Kyung Hee Kim, do College of William & Mary (uma importante universidade pública nos EUA). Ele avaliou testes de criatividade feitos desde 1958 e aplicou um deles há dois meses a 300 mil americanos, adultos e crianças. Segundo o cientista, as notas vinham subindo até 1990. De lá para cá caíram, especialmente entre crianças pequenas.

 Ser criativo não é só ter ideias originais – é pensar em como torná-las realidade

Se você acha que já tem o perfil ou quer passar a se encaixar nele, ainda há um ponto que precisa saber antes de começar a ajeitar o currículo. “Criar”, tanto para os altos executivos entrevistados quanto para os cientistas que estudam o funcionamento do cérebro, é um conceito mais profundo do que “ter ideias diferentes”. Está mais para “ter ideias diferentes e utilizáveis, e ter o impulso de realizá-las”. “Criativo”, por essa visão, não é aquele sujeito maluquinho, cheio de pensamentos vibrantes e caóticos, mas pouco prático. O verdadeiro criativo trabalha. Ele pensa em como implementar as ideias e conhece os limites do mundo real, como escassez de material, dinheiro ou tempo – mesmo que seja para chutá-los para o alto.

 Outras qualidades profissionais seguem em alta: ética, comunicação fluida, capacidade de análise, poder de inspirar equipes. Por que a criatividade se tornou mais desejada que todas? Nos países ricos, há o cenário do momento: uma crise que ameaça destruir as empresas menos espertas e pouco flexíveis. Pensando no planeta, incluindo o Brasil, sabemos que o mundo ficou, a um só tempo, menos previsível para quem vende e mais generoso para quem compra. Há abundância de oferta de produtos e serviços, que tendem a se tornar mais baratos. Mais empresas competem com maior eficiência por consumidores mais exigentes. As companhias precisam cortar custos e oferecer novidades de forma acelerada. O jeito velho de trabalhar não produz novidades na velocidade desejada. Vai se destacar quem conseguir criar mais e criar bem.

 Um exemplo é a arquiteta Sarah Torquato, mineira de 25 anos. Em quatro anos, ela passou de estagiária a coordenadora de lançamentos na construtora MRV. Desde que começou a estagiar, Sarah depositou no banco de ideias da empresa 40 sugestões de como substituir materiais de construção por alternativas mais baratas, das quais 15 foram adotadas. Ninguém contribuiu tanto. Suas recompensas pelas ideias chegaram a R$ 40 mil, dinheiro com que deu entrada num apartamento aos 24 anos. Como uma pessoa tão jovem pode ser tão produtiva? Sarah diz que muitas vezes acordava de madrugada com uma inspiração, anotava a ideia num caderninho e voltava a dormir (leia dicas para aumentar a criatividade). “Fico ligada em tudo, o tempo todo”, diz. Alguns amigos a criticaram pela quantidade de sugestões. “Muita gente dizia: pare de dar ideias, a MRV já está rica.” A empresa diz ter distribuído R$ 1 milhão em prêmios para os funcionários por ideias que lhe economizaram R$ 80 milhões. Há ingredientes parecidos nas histórias do engenheiro químico Marcos Aurélio Detilio, que ofereceu sugestões de economia de energia aos clientes da empresa de engenharia e tecnologia Chemtech, em que trabalha, e conseguiu três promoções em quatro anos; ou de Arnaldo Gunzi, de 31 anos, que adaptou modelos matemáticos para melhorar o deslocamento de técnicos de telefonia no Recife e ganhou a oportunidade de trabalhar na Austrália; ou da chefe de cozinha Carole Crema, de 37 anos, uma das responsáveis por iniciar no Brasil a moda dos cup cakes, os bolinhos confeitados feitos em formas individuais. Criatividade é essa capacidade de ver possibilidades que os outros não enxergam e contribuir com algo original e útil.

 CAMINHO NOVO
O empresário e DJ Renato Ratier em sua casa noturna, a D-Edge, em São Paulo. Se seguisse o roteiro familiar, ele seria pecuarista

 PRÊMIOS DA EMPRESA
A arquiteta Sarah Goulart numa obra em Belo Horizonte. Ela acordava no meio da noite com ideias novas, anotava e voltava a dormir

Embora prezem tanto a criatividade, a maioria das empresas não a apoia. “Muitas, infelizmente, cerceiam a criatividade”, diz Marco Antônio Lampoglia, diretor da consultoria Active Educação e Desenvolvimento Humano. A estratégia mais usada é a dos brainstormings, reuniões em que a equipe joga ideias à vontade. Em geral são mal conduzidos e não trazem bons resultados. Segundo Sofia Esteves, psicóloga e presidente da DMRH, consultoria de recursos humanos, o profissional criativo tende a se afastar de ambientes conservadores. Ele quer mais participação em vez de só cumprir ordens. Ainda que a empresa não esteja de todo preparada para o profissional criativo, ele tem mais chances de brilhar.

 Há dois movimentos cruciais para o modo de pensar criativo: a divergência – ampliar perspectivas, fazer associações diferentes, recorrer a conceitos novos – e a convergência – o foco nas aplicações práticas das novidades (leia o quadro abaixo). Os menos criativos recorrem a respostas conhecidas. Os mais criativos ousam com respostas alternativas, nem sempre bem-vistas. A mente criativa enxerga similaridades onde os outros só veem diferença. A boa notícia é que é possível mudar nosso padrão de pensamento. Algumas formas de soltar a criatividade: buscar analogias, deixar que a mente se perca em pensamentos e procurar novas experiências.

 Estudar sempre ajuda, pois amplia o repertório de informações que você pode recombinar. “A criatividade tem menos a ver com um dom e mais com a forma como você absorve as informações e as conecta”, diz o publicitário formado em história Flávio Cordeiro, sócio-proprietário da Binder Visão Estratégica, no Rio de Janeiro. Quem observa um criativo em atividade fica tentado a tratar essa habilidade genericamente como inteligência. Mas há diferenças.

 O teste de Q.I., Quociente Intelectual, mede habilidades mentais ligadas ao raciocínio lógico, à habilidade com cálculos e à visão espacial. É pouco útil para medir a criatividade. Uma pessoa com Q.I. acima de 100 (a média) pode ser espertíssima e não ser muito criativa. No livro Fora de série – Outliers (editora Sextante, 2008), Malcolm Gladwell relata que Poole e Florance, dois estudantes do ensino médio na Inglaterra, ambos com alto Q.I., tiveram resultados muito diferentes num teste de divergência, um dos mais comumente usados para medir criatividade. O teste consistia em listar a maior quantidade de usos que imaginassem para um tijolo. Poole descreveu cinco funções, algumas bem-humoradas, como “para segurar o cobertor no lugar, coloque um tijolo em cada canto da cama”. Florence ficou com “construir coisas” e “lançar”. Demonstrou capacidade de dar respostas rápidas, mas convencionais. Em situações complexas, sem respostas conhecidas, gente como Poole tende a levar vantagem.

 Isso não significa que criatividade e raciocínio lógico caminhem separados. “Quando o Q.I. é alto, normalmente também é alto o quociente de criatividade”, diz a Ph.D. em psicopatologia experimental Shelley Carson, da Universidade Harvard. Especializada na relação entre criatividade e saúde mental, ela ajudou a formular o teste mais difundido hoje para medir criatividade entre profissionais de alto desempenho, como cientistas e artistas premiados.

 Também varia de pessoa para pessoa o jeito de criar. Um modelo de avaliação criado nos anos 90 por pesquisadores liderados pela psicóloga Ruth Richards, da Universidade Saybrook, nos Estados Unidos, atribui notas de 0 a 5 à atividade criativa no trabalho. A nota máxima vai para o inventor que tem ótimas ideias e não sossega enquanto não as realiza. No nível um pouco abaixo, há os que têm muitas ideias, mas menos energia para implantá-las, e há os que têm poucas ideias, mas muita disposição e capacidade de persegui-las.

 O potencial criativo também pode ser favorecido pelo ambiente. Às vezes é preciso mudar de ares, como fez Renato Ratier, filho de fazendeiros de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. A família de Ratier imaginava que ele trabalharia no agronegócio. Ele chegou a cursar zootecnia, Direito e administração, mas não se sentia realizado. Numa viagem à Califórnia, encantou-se com a riqueza cultural e decidiu estudar design lá. Na volta, abriu vários negócios, entre eles uma casa noturna em que tocava música eletrônica em vez de sertaneja. Ratier hoje se divide entre Campo Grande (onde moram sua mulher e os filhos) e São Paulo, para onde levou a D-Edge, considerada um dos clubes noturnos mais badalados do mundo. Ratier poderia ter seguido no agronegócio, mas evitou um bloqueio clássico à originalidade, que é a tentativa de se encaixar no que é socialmente adequado. “Nós censuramos nossos pensamentos. Os ‘maus pensamentos’ nem sequer vêm para a mente consciente”, diz Shelley Carson. Com essa censura, deixamos de acessar ideias originais. Para reverter esse processo danoso, ela sugere “desligar” algumas partes censoras do cérebro. Numa pesquisa de 2004, Shelley mostrou que existe uma correlação forte entre alto Q.I. (20% a 30% acima da média), baixa inibição latente (filtragem de estímulos, saber escolher quais informações devemos levar em conta ou ignorar) e alta criatividade.

 ESTUDO, SEMPRE
O publicitário Flávio Cordeiro em sua agência, no Rio. Ele se formou em história e duvida que criatividade seja um “dom”

Essa pesquisa ajuda a entender uma descoberta recente. Em maio, pesquisadores da Universidade Karolinska, na Suécia, encontraram semelhanças no funcionamento do cérebro de pessoas criativas e no de pessoas esquizofrênicas ou que tenham histórico de esquizofrenia na família. Uma das características do esquizofrênico é a falta de inibição latente – ele tem dificuldade de distinguir entre o que pensa e o que ouve e costuma fazer associações bizarras entre assuntos que a maioria não relaciona.

 No livro Seu cérebro criativo, com lançamento previsto no Brasil para 2011, Shelley descreve sete estados cerebrais que, segundo ela, favorecem pensamentos originais. Entre eles estão o estado de conexão (um tipo de “atenção desfocada” após o estudo de temas complexos, que facilita conectar conceitos díspares), o de visualização (que aproveita imagens, metáforas e pensamento não verbal para identificar padrões) e o de fluxo (em que o pensamento avança numa tarefa criativa, sem interrupção, como um músico improvisando). “Novas descobertas da ciência sugerem que, com treinamento, podemos manipular a ativação de padrões cerebrais e formar novas conexões”, diz.

 A ciência do cérebro tem evoluído muito desde que a tecnologia permitiu monitorar nossa atividade mental. Cientistas da Rede de Pesquisa da Mente, em Albuquerque, Novo México, nos EUA, estão mapeando o cérebro para saber que impulsos bioquímicos e reações físicas ocorrem durante atividades criativas. O estudo, com 65 pessoas até o momento, sugere que a criatividade perfaz caminhos tortuosos. “Quando se trata da inteligência, o cérebro parece uma rodovia que nos leva do ponto A ao ponto B”, diz Rex Jung, professor assistente do departamento de neurocirurgia da Rede. “Nas regiões do cérebro relacionadas à criatividade, parece haver várias rotas alternativas com desvios interessantes e retornos.” Já se sabe que sonhar acordado regularmente facilita o processo criativo para todo mundo.

 O criativo deixa a mente viajar com o mínimo possível de censura, até que várias ideias boas tenham surgido, para só então verificar sua viabilidade. “Para a criatividade, você precisa que sua mente divague”, afirma Jonathan Schooler, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara. “Mas também precisa ser capaz de perceber que está divagando e capturar a ideia quando ela aparece. O criativo passa do pensamento divergente para o convergente, liberta-se para depois se enquadrar.” Isso é completamente diferente de ser espontâneo, amalucado ou relapso. “Criatividade sem disciplina é um barco sem leme”, diz o escritor Paulo Coelho, que capturou milhões de fãs no mundo com sua mistura de autoajuda e misticismo. “O vento é a criatividade. Você vai manejando a vela.” Além de dedicação, diz o escritor, criar também depende de uma disposição para o risco e para se expor à rejeição. “Você tem de sair de sua zona de conforto. Ser criativo não significa que você vai ser bem-sucedido. O criativo é criticado porque ele faz diferente, e muitas vezes é ridicularizado”, diz Coelho.

 A coragem de abraçar o ridículo pode ser uma arma criativa. Naturalmente desastrada, Daniella Giusti Adnet vivia fazendo troça de si mesma diante da família. Tornou-se a humorista Dani Calabresa. As risadas que ouvia inspiraram o desejo de se profissionalizar. Mas até criar com desenvoltura diante da plateia, em shows ao vivo lotados e na MTV, ela passou muito tempo sentada, escrevendo textos e pensando em personagens. “Hoje, chego ao palco, jogo uns assuntos e vou enlouquecendo com a plateia. Essa é a parte mais gostosa: arriscar sem medo”, diz. Expor-se e improvisar num palco não é para quem se sente preso às convenções. “Muitas mulheres não têm coragem de largar a vaidade e se expor ao ridículo, coisa que eu adoro fazer.”

 Não é só nos palcos (ou nas empresas) que a criatividade ajuda a ter sucesso. Sem ela, a espécie humana não teria dominado a linguagem – a capacidade de criar e manipular símbolos. Nesse sentido, não existe ser humano que não seja criativo. Mas, dados os desafios da vida moderna – relacionar-se com pessoas muito diferentes entre si, deparar com problemas inesperados na educação dos filhos, seduzir a pessoa amada –, é natural que o prêmio aos mais criativos seja maior. Como afirma James Kaufman, diretor do Instituto de Pesquisa do Aprendizado na Universidade do Estado da Califórnia: “Os criativos tendem a ser mais felizes”.

Link: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI159267-15228,00-PROCURAMSE+CRIATIVOS.html

Nizan Guanaes fala sobre a importância da disciplina no processo criativo

24/05/2010 às 11:01 | Publicado em Criatividade | Deixe um comentário

Vale a leitura, sobretudo da parte inicial:

São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

 
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Direto de Nova York


O mundo está faminto pelo Brasil; o país tem de aproveitar a porta de oportunidades que se abre


MINHA COMPANHIA, o Grupo ABC, assim como inúmeras outras empresas brasileiras, tem sido influenciada pelo pensamento gerencial de Beto Sicupira e Jorge Gerdau.
Amplamente influenciado pela dupla, procurei o professor Vincente Falconi, do INDG. O professor Falconi, que dispensa apresentação, há dois anos nos ajuda a dar disciplina e método a nossa criatividade. Não é uma tarefa fácil.
O Brasil tem uma arraigada e antiquada crença de que criatividade e disciplina são incompatíveis.
Evidentemente que isso não é verdade.
O que Falconi prega é que os líderes da organização escrevam seu conhecimento, suas metas e transformem em rito as práticas que fizeram a organização bem-sucedida, assim como mantenham registro de experiências penosas da companhia. De forma que, através dessa caixa-preta, se busque entender as razões do problema e que processos devem ser modificados para que ele não ocorra novamente.
Aos inimigos da disciplina e amigos do talento caótico, diz Falconi, de forma magistral, que se Mozart não tivesse colocado toda a sua intuição, talento e geniosidade em partituras, toda a sua criatividade teria sido perdida.
Ler o que professor Falconi escreve ou fala é mais gostoso do que praticar o que ele defende. Convencer criativos a segui-lo (entre os quais me incluo) é uma tarefa heroica. Mas, depois de convencidos, o resultado é espetacular. As pessoas percebem que não basta só fazer benfeito. É preciso fazer bem o que precisa ser feito de um jeito direito.
É esse Brasil sofisticado do professor Falconi, de Gerdau, de Norberto Odebrecht que pretendo representar.
Amo samba, caipirinha, futebol, mas o Brasil é muito mais do que isso. Depois de se firmar como mercado emergente, o Brasil precisa se firmar como cultura emergente. Um país que não tem medo do mundo. Que, sem soberba ou subserviência, tem hospitais do nível do Albert Einstein e do Sírio Libanês. Meus amigos, quem é do país de Machado de Assis tem motivos para viver de cabeça erguida.
Isso não tem nada a ver com oba- -oba. O Brasil ainda tem problemas desafiadores para resolver. Afinal, tudo no Brasil é gigante pela própria natureza, mas é justamente construindo a marca Brasil no mundo que vamos dar mais um salto.
E o Brasil faz benfeito. E tem áreas de excelência em muitas áreas. O que fica a dever o Itaú Unibanco aos grandes bancos do mundo?
É como parte deste Brasil destemido e internacional que passo uma parte significativa do meu ano em Nova York. É daqui que escrevo, no meio de uma semana particularmente intensa para o Brasil, já que foi a semana do “Homem do Ano”, na qual Henrique Meirelles, presidente do BC, foi agraciado.
Graças à força do Brasil, a Câmara Brasil-Estados Unidos é um fórum que ganhou muito mais força, além do trabalho insaciável do conselheiro Sergio Millerman e seus colegas. O mundo está faminto por informações sobre o Brasil.
E temos de aproveitar essa oportunidade. Porque ela não é uma janela, ela é uma porta. Uma porta que se abre não só por causa da Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos. Mas por um conjunto de conquistas das quais a Copa e os Jogos Olímpicos são um “tipping point”.
E acredito que um país que tem o fabuloso Alessandro Teixeira à frente da Apex e empreendedores como Zeco Auriemo, Duda Sirotsky, João Apolinário, Flavio Rocha e Marcos Molina tem tudo para ser o principal país do Bric. Aquele que está na frente não apenas no B da sigla, mas no H da história.
Direto de Nova York,
Nizan Guanaes.

NIZAN GUANAES é publicitário e presidente do Grupo ABC.

 Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2305201028.htm

Criatividade na perspectiva das neurociências

18/05/2010 às 15:50 | Publicado em Criatividade, Neurociências | Deixe um comentário

Interessante a leitura do artigo publicado no The New York Times, traduzido pela Folha de S. Paulo em 17 de maio, que traz algumas informações sobre como as neurociências estão conceituando a questão da criatividade a partir de novas pesquisas. Boa leitura!

São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010
 
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 Estudos do cérebro tentam decifrar a mente criativa

Por PATRICIA COHEN
Enumere em um minuto todos os usos criativos para um tijolo que conseguir imaginar.
A questão é parte de um clássico teste de criatividade, algo que os cientistas estão tentando pela primeira vez mapear no cérebro. Eles esperam descobrir precisamente quais compostos bioquímicos, impulsos elétricos e regiões foram acionados quando, digamos, Picasso pintou “Guernica”. Usando tomografias por ressonância magnética (MRI), os pesquisadores estão monitorando o que ocorre no cérebro de pessoas durante tarefas criativas.
Mas as imagens dos sinais brilhando nos lóbulos frontais levaram os cientistas a reexaminar a própria forma como a criatividade é mensurada em laboratório.
“Criatividade é meio como pornografia -você reconhece quando vê”, disse Rex Jung, da Rede de Pesquisas da Mente, em Albuquerque (EUA). Jung, professor e pesquisador- assistente do Departamento de Neurocirurgia da Universidade do Novo México, disse que sua equipe está fazendo a primeira pesquisa sistemática sobre a neurologia do processo criativo, incluindo sua relação com a personalidade e a inteligência.
Como muitos pesquisadores nos últimos 30 anos, Jung se baseava numa definição comum de criatividade: a capacidade de combinar novidade e utilidade em um contexto social particular.
No entanto, conforme o estudo da criatividade se expande para incluir a neurologia cerebral, alguns cientistas questionam se essa definição padrão e os testes para ela ainda fazem sentido. John Kounios, psicólogo da Universidade Drexel, de Filadélfia, argumenta que o padrão “sobreviveu à sua utilidade”.
“A criatividade é um conceito complexo, não uma coisa única”, disse ele, acrescentando que os pesquisadores do cérebro precisaram dividi-la em suas partes integrantes.
Kounios, que estuda a base neurológica do entendimento, define a criatividade como sendo a capacidade de reestruturar a própria compreensão de uma situação de uma forma não óbvia.
Todo o mundo concorda que não existe uma mensuração única para a criatividade. Os exames de QI, embora polêmicos, são considerados ainda um teste confiável para ao menos certo tipo de inteligência, mas não há um equivalente quando se trata da criatividade.
O laboratório de Jung usa uma combinação de medições como equivalentes para a criatividade. Um deles é o Questionário de Realizações da Criatividade, que convida as pessoas a relatar suas próprias aptidões em dez campos, como artes visuais, música, escrita criativa, arquitetura, humor e descoberta científica.
Outro é um teste de “pensamento divergente”, uma medição clássica desenvolvida pelo psicólogo J.P. Guilford. Nele, a pessoa é orientada a apresentar funções “novas e úteis” para um objeto familiar, como um tijolo, um lápis ou uma folha de papel.
A equipe de Jung também apresenta situações estranhas. Imagine que as pessoas pudessem mudar de sexo instantaneamente, ou que as nuvens tivessem cadarços. Quais seriam as implicações?
Em outra avaliação, a pessoa tem de descrever o sabor do chocolate, ou escrever uma legenda para um cartum humorístico.
As respostas são usadas para gerar o que Jung chama de “Índice Composto da Criatividade”. Os testes de Jung se baseiam naqueles criados por Robert Sternberg, um dos principais pesquisadores da inteligência nos EUA e o homem parcialmente responsável pela definição padrão de criatividade.
Sternberg usa testes semelhantes na Universidade Tufts, de Massachusetts, onde investiga como as pessoas desenvolvem e dominam habilidades.
Ele explicou que sua equipe pede que as pessoas pensem no que teria acontecido, digamos, se a negra Rosa Parks tivesse cedido seu assento a um homem branco quando aquele motorista de ônibus de Montgomery mandou que ela se mudasse (episódio emblemático, em 1955, da luta pela igualdade racial nos EUA), ou se Hitler tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial.
Quanto a Jung, sua pesquisa tem produzido resultados surpreendentes. Um estudo com 65 pessoas sugere que a criatividade prefere caminhos mais lentos e sinuosos que a inteligência.
No caso da inteligência, explicou Jung, “o cérebro parece ser uma super-rodovia eficiente, que o leva do ponto A para o ponto B”.
“Mas nas regiões do cérebro relacionadas à criatividade parece haver muitas estradinhas auxiliares com desvios interessantes e pequenas vicinais sinuosas”, agregou.
John Gabrieli, professor de neurociência cognitiva do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), adverte que sempre há uma lacuna entre o que ocorre no laboratório e no mundo real. “Parece que ser criativo é ser algo para o qual não temos um teste.”

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